Mas a Dureza do Coracao

A Palavra de Deus não é dura, mas sim os corações endurecidos que se recusam a acolhê-la. Muitas vezes, a verdade divina confronta nossos pecados, nosso orgulho e nossas falsas seguranças, revelando a necessidade de arrependimento e transformação. No entanto, em vez de permitir que a Palavra nos molde, podemos nos fechar em nossa própria resistência, como solo seco que não recebe a chuva.

Jesus nos alertou sobre essa dureza do coração, comparando-a ao terreno pedregoso que impede a semente de criar raízes. Quando endurecemos nosso coração, tornamo-nos insensíveis ao chamado de Deus, resistimos ao Seu amor e nos afastamos da graça que poderia nos renovar. O problema não está na Palavra, mas na disposição de quem a ouve.

A Dureza do Coração e a Resistência à Palavra de Deus

Deus deseja transformar corações de pedra em corações de carne, cheios de compaixão e fé. Para isso, é preciso humildade para reconhecer nossas falhas e deixar que o Espírito Santo opere em nós. Que possamos abrir nosso coração, permitir que a Palavra de Deus penetre profundamente e produza frutos de justiça, amor e obediência. Afinal, é na entrega a Ele que encontramos verdadeira paz e plenitude.

Em certas pregações mais enfáticas, muitos crentes se sentem ofendidos, outros se escandalizam, muitos outros acreditam que o discurso do seu querido pastor foi duro, acalorado, outros acham até que foi em certas partes desnecessário. Geralmente esses pensamentos e reações vêm quando o discurso cobra mais compromisso ou confronta pecados.

Eu nunca achei as pregações do meu pastor duras. São todas necessárias, verdadeiras e trazidas até nós pela vontade de Deus. A Palavra de Deus não é dura. E se a Palavra de Deus não é dura, então o que é?

1. Duro é ainda existir crentes incrédulos

Duro mesmo é ter que aguentar a incredulidade. Já parou pra pensar como isto é duro para o seu pastor? Quando um crente diz que a Palavra da noite foi dura, ou você ver que ele se sentiu ofendido com algo que foi pregado, pode ter certeza que ele não creu.

“Mas há alguns de vós que não creem… nós já temos crido” (João 6.64, 69).

A incredulidade endurece não a Palavra, mas o coração do indivíduo, de forma que qualquer coisa que tente entrar no seu coração e causar mudança o incomode. Veja o paralelo daqueles que deixaram Jesus e daqueles que ficaram com Ele. Veja a diferença daqueles que murmuraram contra Ele e daqueles que o confessaram como Santo de Deus.

Duro é tratar com um crente incrédulo. Um incrédulo não acredita nem se onze testemunhas oculares o confrontarem. Quer um exemplo? Tomé (João 20.25).

A cura da incredulidade é lançar em rosto a realidade em que está o coração do indivíduo. Jesus fez isto com os onze, pois todos duvidaram da sua ressurreição:

“Por último, então, apareceu aos onze, estando eles reclinados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem dado crédito aos que o tinham visto já ressurgido.” (Marcos 16.14).

Lançar em rosto para que o incrédulo passe a olhar para o seu próprio coração de pedra e deixe de ver a Palavra transformadora de Deus como ameaça.

2. Dureza do Coração – Duro é ainda existir crentes murmuradores

Todo murmurador é incrédulo. Ele reclama porque não crê, ainda que veja. Os filhos de Israel murmuravam contra Deus e contra Moisés da falta de comida, pois não criam que o mesmo Deus que os tirou do Egito após dez sinais poderosos, e depois ainda abriu o Mar Vermelho, poderia sustentá-los. Viram sinais poderosos e ainda não criam.

Para um murmurador, até mesmo sinais miraculosos não são o suficiente para crerem e calarem. Os fariseus viam Jesus curar constantemente pessoas que eles não tinham capacidade de curar. E murmuravam entre si por causa disto.

Podemos concluir que um murmurador reclama do que é incapaz de fazer, é incapaz de falar e incapaz de crer. É um desocupado.

  • É incapaz de fazer porque não tem comunhão com o Espírito Santo, aquele que ministra os dons.
  • É incapaz de falar porque não tem em sua vida autoridade para nenhum discurso.
  • É incapaz de crer porque a inveja dominou o seu coração.

Fala então para inflamar a vida dos outros e agregá-los para si não através da Palavra de Deus, mas através da sabotagem dos discursos e ações dos seus líderes. Sabotam demonizando as ações e palavras dos seus líderes, assim como os fariseus, que atribuíam a Belzebu as expulsões de demônios que Jesus realizava (Mateus 12.24).

A dureza do coração de um murmurador irá afastá-lo da presença de Deus (João 6.66; Hebreus 3.12). A solução para ele é impedir que ele se afaste da Presença de Deus e levá-lo a ter comunhão com o Espírito Santo, para que desenvolva dons e faça algo pelo Reino de Deus.

Mas a Dureza do Coracao

3. Dureza do Coração – Duro é ainda existir traidores

“Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.” (João 6.68).

O apóstolo Pedro retratou muito bem a nossa realidade. Não existe lugar melhor para ir. Mas ainda assim, há quem diga que longe de Jesus é melhor. Duro é existir pessoas assim. Duro é existir quem prefira a morte a Palavras da vida eterna, ainda que nós passemos anos as ensinando sobre o Caminho, a Verdade e a Vida.

Ainda que andemos com Jesus, podemos preferir o Diabo, se não vigiarmos nosso coração e nossas motivações. Judas Iscariotes foi escolhido por Jesus, mas não escolheu Jesus. Judas preferiu o Diabo (João 6.70).

Existem muitos “crentes” assim. Ainda que estejam semanalmente nos cultos, lá fora preferem o Diabo e suas palavras de morte. Preferem crucificar Jesus e abrir o coração para Barrabás.

“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas.” (2 Timóteo 4.3-4).

4. Dureza do Coração – Duro é ainda existir crentes descomprometidos

A falta de compromisso de muitos crentes com Jesus é gritante. Não conseguir chegar pontualmente, não ter vontade de ir às celebrações da Igreja, não querer se comprometer com nenhuma campanha de jejum, de oração, de leitura da Palavra, de ofertas para missões, reformas, compras da Igreja, etc.; tudo isto se resume em uma palavra: descompromisso.

“Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.” (João 6.53).

5. Duro é ainda existir crentes sanguessugas

“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que me buscais, não porque vistes sinais, mas porque comestes do pão e vos saciastes.” (João 6.26).

Sanguessugas são pequenas parasitas que se alimentam do sangue do hospedeiro. Jesus identificou discípulos sanguessugas em Seu ministério e os confrontou.

Veja também:

Leia o livro O Sermão Profético: Um Comentário de Mateus 24-25

Conclusão

Duro não é o discurso de um pastor, mas sim o coração do crente incrédulo, murmurador, descomprometido e sanguessuga. A Palavra de Deus é viva, poderosa e transformadora, mas só pode gerar frutos naqueles que a recebem com humildade e fé. Um coração endurecido se recusa a ouvir, resiste à correção e se afasta da verdade, preferindo justificativas e desculpas ao invés da obediência.

No entanto, Deus nos chama ao arrependimento e nos oferece a oportunidade de deixar para trás a dureza do coração. Ele deseja que sejamos sensíveis à Sua voz, prontos para obedecer e nos render ao Seu amor. A transformação começa quando reconhecemos nossa necessidade d’Ele e permitimos que Seu Espírito trabalhe em nós.

Que possamos nos examinar e nos perguntar: estamos realmente abertos à Palavra ou resistimos àquilo que nos confronta? Que o Senhor nos conceda corações de carne, quebrantados e dispostos a viver conforme a Sua vontade.

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